IV Domingo da Quaresma

 

Escrevi o meu nome na areia, mas o vento pouco depois apagou-o. Escrevi os meus sonhos sobre a água do lago,

mas dissolveram-se no nada.

Escrevi os meus pensamentos num livro,

mas este, rapidamente, veio a acabar no fogo.

Deixei a minha foto num túmulo,

mas tenho a certeza que agora ninguém a recorda.

Há sempre dentro de mim, ó Senhor,

uma vontade inconformada de ficar eternizado.

Tu também um dia, Senhor, escreveste no pó da estrada,

mas ninguém pode ler a tua escrita,

uma vez que apagaste-a com desenvoltura.

Uma escrita, a tua, que nunca teve leitores.

Talvez aquilo que apagaste não é senão

um sacramento que abre e doa o teu mistério.

As nossas escritas são gatafunhos em papel branco.

A tua, por seu lado, é luz que ilumina,

é luz que afasta as trevas:

a tua é palavra criadora, é palavra de verdade;

uma verdade que se toca com as mãos,

que se vê com os olhos;

é palavra como um ventre de uma mãe

que gera, protege e alimenta o homem do amanhã.

Faz, ó Senhor, que a verdade luminosa que está em Ti,

me possua totalmente

até tornar luminoso também o meu rosto. Amen.

Quarta-Feira da III Semana da Quaresma - 14 de Março dia do Fundador

Dia do aniversário do nascimento do fundador da congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, o Padre Dehon.

Oração ao Bem Aventurado Padre Dehon
Senhor, Pai de bondade e de misericórdia, concedestes ao Bem-aventurado Padre Dehon, pelo Coração trespassado do vosso Filho, a graça de beber da fonte inesgotável do vosso amor misericordioso, e de ser para a Família Dehoniana luz e modelo de amor e reparação.
Dos nossos corações, das nossas comunidades, das nossas obras e famílias ergue-se para vós um canto de louvor e de agradecimento pelo dom da vida do Padre Dehon.
Enviai-nos o Espirito Santo para vivermos em solidariedade efetiva com os homens e as mulheres do nosso tempo, e sermos profetas do amor e servidores da reconciliação, a exemplo do Bem-aventurado Padre Dehon! A nossa vida pessoal e comunitária seja estímulado vocacional nos nossos dias, pois a messe é grande e os operários são poucos. Amén.

Segunda-Feira da III Semana da Quaresma

Youcat Nº64 – De que forma Deus criou o ser humano “homem e mulher“?

«Deus, que é o amor e o arquétipo da comunhão, criou o ser humano ”homem e mulher”, para que, em comunhão, fossem um retrato do Seu ser.»

Deus, que é comunhão no “Amor”, criou o homem e a mulher como sendo a comunhão desse mesmo Amor, em que duas coisas perfeitas, ao se juntarem têm o poder de criar algo ainda mais perfeito, à sua própria imagem, o Amor Incondicional.

Homem e mulher são assim “iões” (matéria instável) que se procuram um ao outro, e que quando se encontram sentem uma atração inquebrável um pelo outro, que os une e os leva à estabilidade, em que um oferece ao outro aquilo que o outro tinha em falta, não na sua totalidade, mas pondo-o em comum para os dois, formando assim uma ligação a que podemos chamar de “Amor” e que é o símbolo do matrimónio.

Deus criou o homem e mulher absolutamente com um mesmo direito de integração na sociedade. Apesar de com formas diferentes de se expressar, pois se assim não fosse, não faria sentido haver uma união em que se completavam um ao outro se fossem ambos iguais, seriamos então seres redundantes, em que cairíamos sempre nos mesmos obstáculos, e sempre a pensar em fazer as mesmas coisas. A perfeição alcança-se com modos diferentes de vida, em complementaridade, e não ensimesmados.

Deus, tendo criado o ser humano, homem e mulher os criou, à sua imagem e semelhança, e assim também ele se revela paterno e materno.

No amor, entre homem e mulher, e em que atinge o seu auge na comunhão matrimonial, em que os dois se tornam um só corpo, o ser humano é capaz de pressentir a felicidade da união com Deus, porque tendo Deus se manifestado na criação como sua imagem nos dois, assim quando os dois se tornam um só, estão a estabelecer uma relação que leva à pessoa que é Deus, ou seja, a definitiva totalidade.

Quando existe essa verdadeira união e alcançam a perfeição da união entre os dois seres de sexos opostos, estes têm um para com o outro um amor fiel, tal como é também o Amor de Deus por nós.

Tem como ponto mais alto da criação de duas pessoas “homem e mulher” e sua junção, formando uma perfeição mais próxima de Deus, o renascer de uma nova vida, o sinal vivo de Deus na terra.

Reflexão de Micael Gomes, Seminarista do Instituto Missionário)

III Domingo da Quaresma

 

O meu peregrinar em direção à Páscoa já começou.

Fiz tantos propósitos: renunciarei a certas coisas,

terei tento na língua, serei paciente,

verei as coisas pelo lado positivo...

E eis que já começaram os problemas,

as dificuldades, o cansaço,

a tentação de deixar andar,

de adiar para o dia de amanhã,

de fazer-me esquecido das minhas promessas.

Ainda agora pus-me a caminho, Senhor,

e já me sinto tão cansado.

Ainda agora pus-me a caminho, Senhor,

e não tenho a certeza se chegarei ao fim.

Sinto vergonha, e um pouco de raiva,

pensei que o caminho para a Páscoa

significava simplesmente alguns empenhos e renúncias,

E uma série de sacrifícios e orações.

Talvez nesta quaresma devia somente

abandonar-me a Ti, deixar-me levar por Ti, como sou:

frágil, incapaz, limitado, pecador.

Abandonar-me a Ti, porque

Tu, Senhor, és o caminho que eu percorro

Tu, Senhor, és a mão que me guia

És o olhar que me faz compreender os outros

És a boca quando de Ti dou testemunho

És os ouvidos que escutam as palavras não ditas

És a estrada desta quaresma

que leva de encontro a Ti,

que leva de encontro aos outro.

Amen.

Sexta-Feira da II Semana da Quaresma

Fazer jejum das palavras.
Senhor ajuda-nos a fazer jejum das palavras. Das palavras desnecessárias, ruidosas, poluídas. Das palavras dúplices e opulentas, das palavras que atropelam, das palavras que divergem e atraiçoam das palavras que separam. Ajuda-nos a jejuar das palavras que Te escondem, das palavras confusas, ressentidas, atiradas como pedras, das palavras que muralham a comunicação, das palavras que nada permitem senão palavras. E que neste jejum abramos mais o coração àquele silêncio onde os encontros verdadeiros se insinuam.

(J. Tolentino Mendonça)

Quinta-Feira da II Semana da Quaresma

Os dias tornam-se claros, Senhor. À medida que as horas de luz aumentam, parece que cresce também a extensão interior do tempo. Gosto do pleno azul dos céus, pois ele nos restitui o sabor indiviso da Tua plenitude.
Gosto da nitidez que a matéria ganha, porque sei que nela se manifesta a evidência do Espírito. Gosto de pensar que hoje subirei pelas ruas iluminadasde sol, pois isso espelha a Tua promessa que venceremos a vida penumbra e sombria.

(J. Tolentino Mendonça)

Quarta-Feira da II Semana da Quaresma

Poderei fazer deste dia um dia melhor? "Impossível", pensarão logo alguns, Há pessoas com um catálogo de impossibilidades tão grande: "porque o tempo, porque o ordenado, porque o trânsito..." Nem percebem como é possível ir vivendo. E como está o meu catálogo? Que lista é maior: a das possibilidades ou das impossibilidades?

(Vasco Pinto Magalhães)

Terça-Feira da II Semana da Quaresma

O coração alcança a paz quando, depois de ter sido ferido ou humilhado, confia a Deus, sem hesitar um instante sequer, aqueles que o feriram ou maltrataram.

(Irmão Roger)

II Domingo da Quaresma

"A tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos" (Sl 119,105)

Abri, Senhor, meu coração à vossa palavra,
Que seja para mim caminho, verdade e vida.
Que a sua luz possa encontrar sentido e rumo para minha vida;
Aumentai minha fé para que viva mais intensamente
A vida que consiste em Vos conhecer
E a vosso Filho que nos enviastes. Amén.

(Rhawy Chagas Ramos)