terça-feira, 20 de março de 2012

IV Domingo da Quaresma


 
Escrevi o meu nome na areia, mas o vento pouco depois apagou-o. Escrevi os meus sonhos sobre a água do lago,
mas dissolveram-se no nada.
Escrevi os meus pensamentos num livro,
mas este, rapidamente, veio a acabar no fogo.
Deixei a minha foto num túmulo,
mas tenho a certeza que agora ninguém a recorda.
Há sempre dentro de mim, ó Senhor,
uma vontade inconformada de ficar eternizado.
Tu também um dia, Senhor, escreveste no pó da estrada,
mas ninguém pode ler a tua escrita,
uma vez que apagaste-a com desenvoltura.
Uma escrita, a tua, que nunca teve leitores.
Talvez aquilo que apagaste não é senão
um sacramento que abre e doa o teu mistério.
As nossas escritas são gatafunhos em papel branco.
A tua, por seu lado, é luz que ilumina,
é luz que afasta as trevas:
a tua é palavra criadora, é palavra de verdade;
uma verdade que se toca com as mãos,
que se vê com os olhos;
é palavra como um ventre de uma mãe
que gera, protege e alimenta o homem do amanhã.
Faz, ó Senhor, que a verdade luminosa que está em Ti,
me possua totalmente
até tornar luminoso também o meu rosto. Amen.

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