domingo, 29 de abril de 2012

IV Domingo do Tempo Pascal




Salmo do Silêncio

Aqui estou, Senhor, como grão de areia no deserto,
 descalço à tua espera.
Aqui estou, Senhor, de coração aberto, à escuta,
procurando paz na tua resposta.
Aqui estou, Senhor, como o coração da Virgem Maria, janela aberta,
 de par em par para que o sol do teu ser se torne fecundo
e penetre o meu lar com a tua presença.

Quero estar contigo, sentado, a teus pés, sem pensar,
nem procurar, sensível ao que me advém.
Quero estar gratuitamente contigo, aqui e agora,
atento à tua palavra, totalmente presente nela.
Quero unificar o meu ser com o teu,
a minha vida com a tua, Senhor da aurora.
Tu és, Jesus, a última palavra
acolhida no silêncio de uma dura experiência.
Tu és, Jesus, Boa Nova, que alegra o coração
Tu és, como o silêncio das noites frias
que gota a gota empapa a terra ressequida.
Jesus, quero unificar o meu ser de homem.
Quero ser pessoa. «Ser» e não «Ter». Ser na tua pureza
Quero abandonar o ruído que me atordoa e escraviza.
Quero cortar as amarras que cercam a minha liberdade.
Quero quebrar, rasgar, forçar, abrir cadeias.
Quero que ponhas o teu coração terno no pó
e no nada da minha pobreza.

Quero conhecer, saborear a tua misericórdia
para adoçar o meu coração de pedra.
Quero que a luz do teu evangelho ilumine o meu ser
e o arranque da noite cega.
Dá-me, Senhor, o autodomínio, o controlo
e a vigilância pois desejo ser servidor do Teu reino.
Quero ser livre e ainda me sinto manipulado.

Aqui estou, Senhor, na tua presença, para que a tua palavra
me ilumine e me faça regressar às origens,
ao paraíso e assim possa descobrir o silêncio fecundo
do teu misterioso amor por mim.

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